Preocupações sobre o futuro da performance virtual: Ashly Burch, voz de Aloy, se manifesta após vazamento de demonstração com inteligência artificial
A comunidade gamer e os profissionais da indústria de jogos foram pegos de surpresa com o recente vazamento de uma demonstração técnica interna da Sony, onde uma versão controlada por inteligência artificial de Aloy, a heroína interpretada pela atriz Ashly Burch na aclamada série de jogos Horizon Zero Dawn, foi mostrada em ação. A repercussão dessa apresentação trouxe à tona preocupações profundas sobre o futuro da performance artística no universo dos videogames. Em um vídeo no TikTok, Burch expressou sua inquietação com a possibilidade do uso de tecnologias que imitam performances humanas, reforçando a razão pela qual ela e outros artistas estão atualmente em greve.
A demonstração, divulgada por The Verge, apresentou Aloy engajando em uma conversa com um engenheiro da Sony através de respostas geradas por computador em tempo real. Embora a interação tenha sido considerada rudimentar, as implicações desse tipo de tecnologia são alarmantes. Com o avanço da inteligência artificial, a possibilidade de substituir atuadores humanos por réplicas digitais torna-se uma ameaça real, algo que os membros em greve da SAG-AFTRA já alertaram. O uso desse tipo de tecnologia não apenas prejudica os atores, mas também enfraquece a autenticidade e a riqueza emocional das performances que tornam os jogos envolventes.
Burch, que igualmente participa da aclamada série Mythic Quest, uma paródia sobre a indústria de jogos da Apple, afirmou que Guerrilla Games, a desenvolvedora por trás de Horizon, entrou em contato para assegurar que a demonstração não refletia nenhum projeto em desenvolvimento e que nenhum dado de sua performance foi utilizado. Ela enfatizou: “Guerrilla detém a propriedade de Aloy como personagem. Dito isso, me sinto preocupada, não apenas com Guerrilla, Horizon, minha performance ou minha carreira, mas com o futuro da performance artística nos jogos.”
A situação atual é vista como um ponto crucial na luta por garantias de proteção para os artistas, particularmente em um momento em que as empresas de jogos, como Activision e Electronic Arts, estão sob pressão para alterar suas políticas em relação ao uso de tecnologia de inteligência artificial. Nestes dias, a SAG-AFTRA tem estado em greve, lutando por esses direitos, e Burch utilizou a demonstração da Aloy como um exemplo claro do que está em jogo. “Imaginando um cenário em que um vídeo deste tipo seja lançado com o desempenho de alguém atrelado a ele, a possibilidade de que essa pessoa não tenha nenhum recurso, nenhuma proteção, e nenhum meio de lutar contra isso me deixa profundamente triste e apavorada,” desabafou Burch.
As preocupações de Burch ecoam pelas salas de reuniões onde as negociações estão ocorrendo. A porta-voz Audrey Cooling, do grupo de negociação das empresas de jogos, declarou: “Foi proposta uma oferta que inclui termos de uso líderes no setor para réplicas digitais de IA em jogos e compensação adicional pelo uso da performance do ator em outros jogos.” No entanto, Burch criticou que esses avanços ainda não são suficientes. “A tecnologia em si não é o problema; o desejo das empresas de jogos em utilizá-la também não é. O que estamos enfrentando é a falta de proteções sensatas pelas quais estamos lutando. Apoio a greve, sempre apoiarei, e acredito que a luta é essencial para garantir o futuro e a longevidade da carreira que todos nós amamos,” afirmou a atriz.
O cenário apresentado por Burch tem gerado reações tanto de fãs quanto de colegas da indústria, criando um ambiente de intensa discussão sobre as implicações éticas da inteligência artificial. O público não só se mostra preocupado com o impacto na arte da atuação, mas também com o que o futuro reserva para a narrativa e a criação de personagens envolventes em um mundo cada vez mais tecnológico. Caso a luta por soluções concretas não congregue os interesses de todos os envolvidos, as próximas gerações de jogadores e criadores podem se deparar com um campo de batalha completamente diferente, onde a criatividade humana e a inteligência artificial competem em igualdade de condições — ou talvez, em desvantagem para a primeira.
Como a situação continua a se desenvolver, cabe a todos nós, seja como jogadores, artistas ou simplesmente apreciadores dessa forma de arte, refletir sobre o que realmente queremos para o futuro dos jogos. Estar informado sobre essas discussões e apoiar as iniciativas que preservam a integridade artística pode ser um passo vital para assegurar que o legado de narrativas impactantes continue a prosperar em um mundo repleto de inovações tecnológicas.