Lars Ulrich Explica Por Que Despreza “Eye Of The Beholder” E Metallica Não A Toca Desde 1989

No vasto universo do heavy metal, poucos nomes carregam o peso e a influência de Metallica. Desde os dias de sua formação, a banda tem se destacado por sua inegável originalidade e pelo ditado de que, ao fazer música, devem seguir suas próprias convicções, ignorando em grande parte as expectativas externas. Contudo, esse espírito independente também gera debates acalorados entre os fãs a respeito de seus álbuns, letras e, em especial, suas canções. Metallica, em sua carreira, lançou álbuns que polarizam opiniões, mas existe um consenso sobre seus quatro primeiros trabalhos, que são amplamente celebrados. A questão que intriga muitos fãs é o motivo pelo qual uma das suas canções, de um álbum altamente popular, nunca mais foi tocada ao vivo em quase quatro décadas. O baterista Lars Ulrich revelou que esse trabalho é “Eye Of The Beholder”, do álbum “…And Justice For All”, e sua aversão à canção pode ser uma das razões para sua exclusão dos setlists da banda.

Desde que foi lançado em 1988, o álbum “…And Justice For All” rendeu tanto aclamação quanto crítica. Enquanto muitos apreciam a ousadia de sua produção e a qualidade de suas faixas, outros sentiram falta do peso do baixo e consideraram a duração das músicas excessiva. Mesmo assim, algumas faixas, como “One”, “Blackened” e “Harvester Of Sorrow”, têm se mantido como must-haves nos concertos, sendo tocadas repetidamente ao longo dos anos. Porém, a trajetória de “Eye Of The Beholder” desponta como uma exceção intrigante e indicativa de que, mesmo dentro de uma das bandas mais conhecidas do mundo, a disputa interna sobre o que deve ser apresentado ao público é palpável e por vezes controversa. Desde a turnê “Justice”, a canção permaneceu praticamente esquecida e nunca mais foi interpretada na íntegra, aparecendo apenas em um medley na coleção “Live Sh*t: Binge And Purge”.

Para compreender a profundidade do desagrado de Ulrich em relação a “Eye Of The Beholder”, devemos explorar suas próprias palavras. Em uma entrevista reveladora à Vulture, realizada em 2020, Lars não hesitou em descrever a canção como “forçada”, comparando-a àquela clássica situação onde se tenta encaixar um “pino quadrado em um buraco redondo”. Ele detalhou que a música possui uma batida complicada, alternando entre tempos distintos que, para ele, criam uma dissonância que a torna desconfortável. Ele comentou a respeito dessa oscilação de ritmos, referindo-se a partes que parecem estar em um compasso de 4/4 enquanto o refrão assume um estilo que lembra uma valsa, resultando em um conflito de sonoridades que causa estranheza.

Além de sua crítica direta à canção, Lars expressou certa generosidade em refletir sobre seu trabalho passado, reconhecendo que os membros da banda deram o melhor de si em cada momento criativo. Ulrich reflete sobre como a mineração de sua própria música se torna um exercício crítico e analítico, onde, ao invés de apenas sentir a música, ele se vê examinando aspectos técnicos e sonoros, o que pode tornar a experiência de ouvir suas produções mais intelectual do que emocional. Ele menciona que ouvir Metallica para ele é uma experiência turbulenta, cheia de análises e avaliações de como o som está misturado, ao invés da pura apreciação.

Com base em suas declarações, a aversão de Lars a “Eye Of The Beholder” não se resume a uma questão de gosto pessoal. É um reflexo da arte na qual se obteve sucesso e reconhecimento, mas também dos desafios e transformações que atravessaram a carreira de Metallica. A dissonância vocal comentada por Ulrich não é só uma crítica à música em si, mas um indica ao que poderia ter sido melhor em sua perspectiva. Essa sensação de “eu poderia ter feito melhor” provavelmente ecoa em muitos colaboradores de projetos criativos, fazendo parecer que certas partes do passado ainda podem pairar de forma inquietante sobre seus criadores.

Se você é fã de Metallica, certamente já teve dúvidas sobre por que certas canções são deixadas de lado enquanto outras são repetidas sem fim nos palcos. “Eye Of The Beholder” se destaca justamente como uma composição que, apesar de sua popularidade, não encontrou seu lugar entre as preferências de sua própria banda. Pode-se dizer que, enquanto a música do passado pode possuir seu próprio valor simbólico, a verdade é que as opiniões dos artistas sobre seu trabalho muitas vezes moldam o que vemos como fãs nas apresentações ao vivo. Assim, fica a questão: poderemos um dia ouvir “Eye Of The Beholder” novamente? A resposta parece permanecer nas mãos de Lars Ulrich, que definitivamente não parece inclinado a reconsiderar sua posição a respeito.

Atualmente, enquanto Metallica continua sua jornada musical e conquista novos públicos, a história de “Eye Of The Beholder” permanece como um intrigante pé no passado da banda. Mesmo que essa faixa específica possa não ser uma favorita de seu próprio criador, a busca constante por inovação e evolução dentro da música que todos nós amamos continua ativa. Afinal, é essa mistura de criatividade, crítica e paixão que constrói a essência do que é ser um músico, em especial em uma lenda do metal como Metallica.

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