Netflix apresenta uma nova interpretação de Devil May Cry, promovendo nostalgia e ação frenética

A mais recente investida da Netflix na adaptação de jogos eletrônicos para o formato de animação traz um reboot vibrante de Devil May Cry, a aclamada série de jogos de ação da Capcom que começou sua trajetória em 2001. Com a nova série, a plataforma de streaming pretende capturar tanto a atenção dos fãs mais antigos quanto a de novos espectadores, oferecendo uma narrativa que, embora reinicie a continuidade original, ainda mantém uma forte conexão com suas raízes nos anos 2000. A trilha sonora, que destaca o famoso sucesso de Limp Bizkit, “Rollin’”, provoca uma sensação de nostalgia tanto em espectadores jovens quanto naqueles que viveram a era do nu metal. Afinal, quando percebemos que certos populares itens culturais de nossa infância viram parte do “core dos pais divorciados”? Essa é a reflexão que surge ao assistirmos à nova proposta de Devil May Cry, que uniu gerações e nos lembrou que não estamos mais tão jovens.

Ao longo da série, que consiste em oito episódios, é impossível não perceber que o universo de Devil May Cry ainda vive em sua essência dos anos 2000. Embora a franquia de jogos tenha evoluído com o tempo, atingindo novos patamares de qualidade, especialmente com Devil May Cry 5 em 2019, a produção da Netflix busca transportar os espectadores de volta a um tempo em que a cultura pop era marcada por “songs of angst” e temas mais sombrios, tornando a série um prato cheio para os fãs mais fervorosos da série. A inclusão de músicas emblemáticas do início do milênio, como “Last Resort” de Papa Roach, embora pareçam clichês, funcionam como uma homenagem ao ambiente em que os jogos foram lançados e suas raízes na cultura da época.

Na nova narrativa, encontramos um jovem e ágil Dante, dublado por Johnny Yong Bosch, que já interpretou o personagem Nero nos jogos. A trama o coloca em uma encruzilhada entre duas facções: a revolta demoníaca liderada por um elegante White Rabbit e uma agência governamental dedicada à caça de demônios. Enquanto o White Rabbit pretende destruir a barreira entre os mundos humano e demoníaco, permitindo que as criaturas do submundo invadam a Terra, Dante, que cresceu órfão e conhecedor apenas das histórias de sua mãe, se vê inserido em uma batalha monumental sem compreender o total impacto de sua herança. Este novo Dante é um caçador de demônios que, na tentativa de descobrir a verdade sobre sua linhagem, se vê lutando com um cenário apocalíptico ao seu redor.

Embora os fãs mais antigos da série possam prever o desenrolar da história, surpreende a complexidade que o emaranhado de personagens da série alcança até o final da temporada. Embora a simplicidade da trama nos jogos seja uma característica marcante, o show se torna repleto de personalidade, apresentando não somente Dante, mas também um elenco diversificado que inclui figuras icônicas da narrativa, como a querida Lady e o fervoroso Vice-Presidente Baines, uma atuação memorável do falecido e grandioso Kevin Conroy. O ritmo da primeira metade da série é um pouco arrastado enquanto estabelece o novo cenário, sem realmente se aprofundar na ação que os fãs esperam até que a narrativa ganhe tração na segunda metade da temporada, o que pode fazer a audiência sentir que um ou outro personagem é desnecessário em um universo já multifacetado.

Vetada por um começo um tanto recheado, Devil May Cry ainda assim entrega uma experiência divertida e frenética, enquanto nos leva para a ação desenfreada. A habilidade de Dante de enfrentar adversários demoníacos é um espetáculo, misturando sua tradicional elegância com uma violência dramática. É interessante notar como, nas primeiras partes da temporada, a ação surge como um alívio entre momentos de longa exposição, transformando a expectativa no emocionante confronto entre Dante e suas demais adversidades. Ao encontra-se na segunda metade, toda essa violência ganha um novo contexto que dilui o peso dramático, tornando-a ainda mais cativante.

Em suma, a primeira metade de Devil May Cry não é de todo ruim, mas parece levar um tempo maior do que necessário para se firmar e se ajustar ao que seus fãs esperam. A questão que permanece, no entanto, é saber como o público que nunca jogou a franquia reagirá a esta série. Adaptações anteriores da Netflix de jogos, como Cyberpunk: Edgerunners e Castlevania, conseguiram conquistar novos espectadores, mas Devil May Cry parece estar mais voltada para aqueles que têm uma conexão mais íntima com os jogos. Será que esse humor azedo, que evoca uma cápsula do tempo dos anos 2000, ressoará com o público mais jovem? Essa questão, por ora, fica em aberto, mas, com a season finale preparando o terreno para uma narrativa mais tradicional na próxima temporada, há muitas expectativas para que possamos acompanhar outros embates de Dante.

Imagem da série Devil May Cry

Assista agora Devil May Cry na Netflix

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