Empresas de jogos buscam usar IA para substituir atores durante greve, diz sindicato
Um cenário preocupante está se desenhando na indústria dos jogos eletrônicos, onde os atores têm lutado há mais de um ano por melhores condições de trabalho e proteções adequadas em relação à inteligência artificial (IA). De acordo com a SAG-AFTRA, o sindicato que representa os trabalhadores do setor, as empresas como Electronic Arts e Activision Blizzard estão se mostrando relutantes em oferecer salvaguardas significativas que impedirão o uso indiscriminado de réplicas digitais de seus atores. Essa questão se tornou um ponto crítico nas negociações em andamento, onde o temor é que as produções venham a substituir os talentos humanos por representações digitais impulsionadas por IA, especialmente em meio a quaisquer futuras paralisações.
Os representantes do sindicato, Duncan Crabtree-Ireland, negociador-chefe, e Sarah Elmaleh, presidente da mesa de negociações, enviaram uma comunicação interna aos membros, ressaltando que, embora algumas questões tenham avançado, as proteções específicas para a IA ainda estão longe de um consenso. Eles examinaram os termos propostos, apontando que as empresas desejam manter lacunas excessivamente abrangentes que, na prática, anulariam qualquer proteção referente ao uso da IA. Uma das questões mais espinhosas envolve a possibilidade de as empresas criarem réplicas digitais com qualquer desempenho existente em jogos antes de um novo contrato, além de poderem aproveitar dados disponíveis publicamente, como entrevistas de dubladores no YouTube.
“As proteções sobre réplicas digitais e IA generativa se aplicam apenas aos serviços prestados após a assinatura deste Acordo. Trabalhos de jogos anteriores (incluindo jogos do Sideletter 6) e trabalhos não cobertos (qualquer coisa disponível publicamente; YouTube, websites, etc.) estão excluídos, sem transparência, consentimento ou compensação. Isso torna toda a disposição de proteção da IA inútil”, afirma a quarentena do sindicato, destacando as preocupações de seus membros face à exploração e falta de reconhecimento que pode prevalecer nesse processo.
O descontentamento entre os membros do sindicato é evidente, pois surgem relatos de que as empresas tentam fomentar rivalidades entre os próprios atores e explorar aqueles que, devido à falta de atuação em games, podem ser convocados a ocupar papéis durante a greve. Emeri Chase, voz do personagem Soldier 11 do jogo Zenless Zone Zero, expressou sua indignação ao ser trocada em meio à luta por proteções contra a IA. Outros dubladores, como os da série Call of Duty: Black Ops, também relataram mudanças que afetam suas reputações e carreira.
Em meio a esse caos, um porta-voz do grupo de negociação das empresas, Audrey Cooling, revelou uma proposta que inclui aumentos salariais de mais de 15% para trabalhadores representados pela SAG-AFTRA e melhores condições de saúde e segurança, além de termos líderes do setor para o uso de réplicas digitais em jogos e compensações adicionais pelo uso da performance em outras produções. “Fizemos progressos significativos e estamos ansiosos para retornar às mesas de negociação para chegar a um acordo”, afirmou Cooling, tentando dar uma luz de esperança em meio à nebulosidade da situação.
Enquanto isso, o impacto da greve na produção de alguns jogos já é visível, com cenas na nova saga “Heresy” de Destiny 2 sem narração, uma situação que pode piorar se estúdios que não assinam acordos interinos com proteções à IA continuarem a recusar acordos. Recentemente, um demonstrador interno da Sony vazou online, mostrando uma versão da protagonista Aloy do jogo Horizon Zero Dawn, sendo dublada e controlada por IA de forma inquietante.
Em um aviso claro aos membros, o sindicato aconselhou a considerar cuidadosamente as consequências caso sejam abordados para participar de papéis representados por IA. Trabalhar sem proteções adequadas não só coloca os atores em risco, mas pode também minar a luta por melhores condições de trabalho. A falta de consentimento e compensação torna a situação ainda mais alarmante, levantando questões sobre o futuro da própria indústria e a posição dos artistas dentro dela.
Os desdobramentos dessa situação prometem moldar o futuro do setor de jogos e os direitos dos trabalhadores no entretenimento. A luta por igualdade e respeito continua e, em um mundo onde a tecnologia avança a passos largos, os protagonistas humanos dessas histórias devem ser ouvidos e protegidos. A batalha por um futuro onde a tecnologia e a criatividade possam coexistir de forma justa está apenas começando, e a união dos trabalhadores será crucial para esse processo.
Para mais informações sobre esta luta, você pode acessar o site oficial da SAG-AFTRA e ficar por dentro das atualizações.