Debate Sobre a Natureza de Elden Ring: É ou Não um RPG?

Nos campos digitais onde jogos se cruzam com a discussão sobre categorias e gêneros, uma pergunta ressoa de forma polêmica e instigante: o que de fato é um jogo de RPG? Um daqueles jogos que ganharam popularidade nos últimos anos, como o Elden Ring, desenvolvido pela FromSoftware, tornou-se o epicentro de um acalorado debate entre jogadores e críticos. A imersão dos jogadores em um vasto mundo fantasioso e a possibilidade de moldar a narrativa através de escolhas pessoais traz à tona a questão sobre a verdadeira essência dos jogos de RPG. Como evidenciado por um debate recente entre os colaboradores do Kotaku, há diversas perspectivas sobre essa categorização. No entanto, é válido refletir: será que estamos nos apegando a antigas definições ou o conceito de RPG evoluiu como tantos outros aspectos da cultura pop?

A discussão do gênero RPG

A conversa sobre o que constitui um RPG é um empolgante tira-teima, onde argumentos e opiniões se entrelaçam. O debate começou de forma simples, quando Kenneth Shepard ponderou sobre os cinco melhores jogos de RPG da última década, mencionando títulos como Baldur’s Gate 3 e Disco Elysium. Esses jogos foram rapidamente reconhecidos como imperdíveis, mas a sala rapidamente tomou um rumo inesperado quando a questão do Elden Ring surgiu. Enquanto alguns defendiam a inclusão do título na lista, outros, como John Walker, estavam prontos para defender suas convicções sobre a nulidade do termo “RPG” quando aplicado a jogos como o aclamado Dark Souls e suas sequências.

Um dos aspectos interessantes dessa conversa foi a divergência de opiniões entre os participantes. Enquanto alguns defendiam que os jogos da FromSoftware não mereciam a classificação de RPG devido à sua natureza “Soulslike”, consistindo de uma experiência de ação-aventura, outros argumentavam que a presença de níveis, estatísticas e a possibilidade de personalização dos personagens eram, indiscutivelmente, elementos fundamentais do RPG moderno. A realidade é que esse impasse demonstra uma guerra de gerações, onde novas ideias de jogabilidade e narrativa estão constantemente desafiando as definições clássicas.

Enquanto isso, a cultura gamer nunca foi tão rica em diversidade. O próprio conceito de RPG teve que se adaptar às novas tendências que enchem a indústria. Com o crescimento de jogos como Cyberpunk 2077 e Horizon Zero Dawn, a linha entre RPGs e outros gêneros se torna cada vez mais nebulosa. O que faz um jogo ser um RPG? É a complexidade nas interações, diálogos e opções narrativas, ou é a exploração de mundos abertos repletos de combate e ação?

O que realmente define um RPG na era moderna?

Os colaboradores do Kotaku não apenas debateram o Elden Ring, mas também exploraram as características que definem um RPG. Para muitos, um RPG se destaca quando permite que os jogadores façam escolhas que impactam a narrativa ou o desenvolvimento do personagem. Nesse contexto, Elden Ring apresenta elementos robustos com seus vários caminhos de desenvolvimento e sua narrativa que se desdobra de acordo com as escolhas dos jogadores. É crucial revisitarmos as raízes do gênero RPG, que estabelecem que um jogo deve oferecer experiência de narrativa, personalização e um senso de progressão. Contudo, a dicotomia existente entre ação e RPG tem gerado um campo intencionalmente confuso para a categorização.

Com a ascensão de jogos que utilizam elementos de RPG, como XP e interações com personagens, a discussão se intensifica: jogos como Call of Duty podem ser considerados RPGs? Ethan Gach até levantou a hipótese de que a facilidade em implementar uma mecânica de progressão pode fazer com que muitos jogos se encaixem em todas as categorias. A realidade é que a modernidade trouxe novas camadas ao conceito de RPG, e essa evolução é tanto uma benção quanto uma maldição, especialmente quando é necessário classificar jogos em prateleiras digitais.

Uma reflexão necessária após o debate

O debate sobre Elden Ring ser ou não um RPG mostra que a categorização de jogos sempre gerará discussões apaixonadas. Talvez o mais fascinante desse tema seja a busca incessante por respostas definitivas de algo que, por natureza, é subjetivo. O que um jogador pode considerar um RPG pode variar imensamente de jogador para jogador. Embora haja definições comuns, a experiência pessoal de cada jogador e suas expectativas em relação à experiência de jogo certamente influenciam sua perspectiva.

Em um mundo onde o entretenimento e as interações certamente evoluirão, o que podemos aprender com essa conversa é que os gêneros de jogos não são skin-deep. Eles refletem a forma como nós, como sociedade e como jogadores, interagimos com a narrativa e a jogabilidade. À medida que continuamos essa jornada de descobertas, a verdadeira essência de um RPG pode não estar em uma definição rígida, mas sim na capacidade de nos permitir viver e sentir as histórias que nos são apresentadas. O importante é que, no fundo, todos nós estamos jogando para nos divertir e explorar novas realidades, independentemente de como o rotulamos.

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