Atendimento às Reclamações dos Jogadores: Call of Duty Admite Uso de Conteúdo Gerado por Inteligência Artificial
A comunidade gamer tem demonstrado uma crescente insatisfação em relação ao conteúdo gerado nos mais recentes lançamentos da série Call of Duty, especialmente com o auge das acusações sobre a utilização de inteligência artificial (IA) para produzir diversos elementos do jogo, como telas de carregamento e cartões de chamada. Desde o lançamento de Call of Duty: Black Ops 6 no último outono, muitos jogadores começaram a apontar características estranhas e incoerentes, que geraram discussões acaloradas nas redes sociais e nas plataformas de vídeo. Agora, a Activision reconheceu oficialmente que, de fato, integra ativos gerados por IA em seu popular shooter multiplayer, conforme revelado em sua página na Steam. Esta admissão ocorre em um momento crucial, onde a indústria de jogos está cada vez mais discutindo as implicações do uso de tecnologias emergentes.
Críticas em relação à qualidade do conteúdo disponibilizado em Black Ops 6 não são novas, com a controvérsia sobre o “AI slop” começando pouco antes do lançamento do jogo em outubro do ano passado. Os fãs notaram que certos emblemas de prestígio apresentavam características que pareciam resultantes de processos automatizados em vez de intervenções artísticas meticulosas. Um conjunto de cartões de chamada, que retratavam vampiros de maneira estilizada, voltou a acender debates entre os jogadores em novembro, quando muitos apontaram partes do design que pareciam estranhamente renderizadas e sem o toque humano característico de um artista.
Uma das alegações mais convincentes, que evidenciava o uso de IA no desenvolvimento do jogo, aconteceu no início de dezembro, quando algumas telas de carregamento revelaram imagens de mãos com dígitos extras. Esse detalhe constrangedor levantou bandeiras vermelhas e é um sinal clássico de arte gerada por algoritmos que, em tentativas de replicar o trabalho de outros artistas, falham em capturar a contagem correta. Uma dessas imagens incluía uma luva preta segurando bolas de bilhar, com seis dedos, enquanto outra mostrava um Papai Noel zumbi que tinha a mesma peculiaridade. Embora essas imagens tenham gerado risadas inicialmente, também provocaram preocupações em relação à possibilidade de que outros elementos menos evidentes também pudessem ter origem em processos automatizados.
A revelação da Activision não surge do nada. Relatórios anteriores sugeriram que os desenvolvedores da empresa foram incentivados a explorar novas ferramentas de IA em seus projetos. Em 2023, uma matéria da Wired apontou que uma cosmetic paga foi criada com ajuda de IA durante o desenvolvimento de Modern Warfare, após a editora ter liberado o uso dessas tecnologias para auxiliar na criação de arte conceitual e materiais promocionais. Em um discurso em 2023, o então CEO da Activision, Bobby Kotick, elogiou o potencial transformador da tecnologia, comparando seu impacto ao da introdução do computador Macintosh.
Atualmente, com a Activision sob a alçada da Microsoft, a empresa tem impulsionado o uso de IA em suas operações, como enfatizado por Phil Spencer, CEO da Microsoft Gaming. Spencer destacou que essas tecnologias poderiam facilitar a preservação de jogos clássicos, permitindo uma emulação mais fácil em hardwares modernos. No entanto, a realidade enfrentada pelos jogadores de Black Ops 6 é que, apesar dos avanços prometidos, a implementação de ferramentas geradas por IA ainda não atingiu um nível de controle de qualidade satisfatório. Em vez disso, como demonstra o caso das telas de carregamento, os resultados frequentemente sofrem de inconsistências e erros básicos que comprometem a experiência dos usuários.
Para atender às preocupações de seus jogadores, a Steam introduziu uma nova tag na plataforma que permite filtrar jogos que utilizam IA gerativa em suas buscas, garantindo que os consumidores possam escolher experiências de qualidade sem o risco de se deparar com as falhas associados a este tipo de geração de conteúdo. O desenrolar dessa situação intrigante levanta questões importantes sobre o futuro da indústria dos jogos, a confiabilidade das tecnologias emergentes e a imprescindível necessidade de um equilíbrio entre inovação e a qualidade que os jogadores esperam e merecem.
Enquanto a comunidade aguarda mais esclarecimentos sobre como a Activision planeja lidar com esses desafios no futuro, a tensão entre inovação tecnológica e satisfação do cliente se torna um tema central em um mundo onde a IA está se tornando cada vez mais prevalente. Por ora, jogadores e desenvolvedores continuam a interagir em um diálogo vital que determinará a próxima fase da evolução dos jogos eletrônicos nas plataformas contemporâneas.